Equipes médicas da Suécia realizaram durante o
fim de semana o primeiro transplante de útero de mãe para filha, anunciou nesta
terça-feira (18) a Universidade de Gotemburgo, no oeste do país. Foram
realizadas duas operações, nas quais duas jovens suecas receberam o útero de
suas respectivas mães.
"Uma
das mulheres retirou o útero depois de um tratamento contra um câncer de colo
do útero. A outra nasceu sem útero. Ambas têm cerca de 30 anos", explicou
em um comunicado a Universidade de Gotemburgo.
"Mais de dez cirurgiões participaram das
operações que transcorreram sem complicações. As mulheres que receberam o útero
estão bem, mas cansadas depois da intervenção", informou Mats Brannstrom,
professor de Ginecologia da Universidade e diretor da equipe de
pesquisas. "As mães que doaram seus úteros já estão caminhando e
poderão voltar para casa em alguns dias", acrescentou.
As jovens receptoras deverão esperar um ano antes de
poder iniciar uma gravidez, por meio de fecundação in vitro, esclareceu ainda o professor
Brannstrom. "Não saberemos se foi um transplante bem sucedido até
2014", data em que as jovens poderão dar à luz na melhor das hipóteses,
afirmou o professor.
O especialista não quis especular sobre as
possibilidades que as duas mulheres têm de engravidar. Em casos normais,
segundo ele, a possibilidade de dar à luz através de uma fecundação in vitro é
de 25 a 30%.
Os úteros implantados serão retirados quando as
mulheres tiverem um máximo de duas crianças, para que possam suspender o
tratamento contra a rejeição do órgão, segundo ainda Brannstrom. De acordo
com outro médico da equipe, Michael Olausson, o risco de rejeição do útero
será, a princípio, o mesmo de que qualquer outro órgão, em torno de 20%.
As duas jovens, cujos nomes não foram divulgados,
foram selecionadas ao final de um longo procedimento, que permitiu garantir que
elas e seus maridos eram férteis. Suas respectivas mães foram escolhidas
como doadoras, dada a "vantagem teórica" que apresentam por ser
familiares, indicou o professor Olausson. "Seus úteros demonstraram que
funcionavam e eram capazes de ter um bebê", explicou.
Outras duas mulheres deverão ser submetidas a um
transplante de útero na Suécia. A equipe médica indicou que estas duas novas
pacientes não chegam aos 30 anos e que as possibilidades de êxito de uma
fecundação in vitro são maiores quando as pacientes são jovens.
O professor Brannstrom destacou que o objetivo
destes transplantes é ajudar as mulheres jovens nascidas sem útero ou com um
útero que não funciona, e não as mulheres que estão na idade e têm condições de
procriar.
A equipe de pesquisa do professor Brannstrom, que
conta com 20 pessoas, trabalha neste projeto desde 1999. Anteriormente,
realizou com sucesso transplantes de úteros em animais, como ratos e macacos, que
deram lugar a nascimentos.
Os transplantes de útero, cujo primeiro êxito foi
obtido na Turquia em 2011, são polêmicos, já que envolvem doadoras
vivas. Em um primeiro momento, o Conselho de Ética da Suécia bloqueou as
intervenções, mas finalmente deu sua autorização em maio, na condição de que um
comitê especial controle as operações.
Fonte: Uol Notícias
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