Um morador do estado norte-americano da Califórnia
condenado por fraude bancária foi levado para ser interrogado neste sábado por
autoridades que investigam possível violação de liberdade condicional, com base
na produção de um filme anti-islâmico que desencadeou violentos protestos no
mundo muçulmano.
Nakoula
Basseley Nakoula, de 55 anos, deixou sua casa voluntariamente na madrugada
deste sábado para apresentar-se a uma delegacia de polícia de Cerritos,
subúrbio de Los Angeles, disse o porta-voz do xerife do Condado de Los Angeles,
Steve Whitmore.
"Ele será entrevistado por oficiais encarregado da lei
federal de liberdade condicional", disse Whitmore, que informou que
Nakoula não está sob prisão, mas não iria retornar imediatamente para sua casa.
"Ele não foi algemado em nenhum momento… tudo foi voluntário." Em um
telefonema para um bispo cristão copta, de sua religião, Nakoula negou
envolvimento na produção do filme. Vários funcionários da delegacia o retiraram
às pressas de sua casa e o colocaram em um carro que os aguardava. O rosto de
Nakoula estava escondido por um lenço, chapéu e óculos de sol.
O filme, de 13 minutos, em inglês, zomba do Profeta Maomé. Foi
feito na Califórnia e circulou na Internet com vários títulos, incluindo
"Inocência dos Muçulmanos".
O filme retrata o
profeta Maomé como um adúltero, bissexual, pedófilo e sanguinário.
Aparentemente, os 14 minutos postados na internet são um trailer de um
longa-metragem de duas horas escrito, produzido e dirigido por um cidadão
americano de origem israelense de 56 anos que usa o pseudônimo de Sam Bacile. Veja e avalie um trecho do filme aqui no Blog do Nerd Washington:
Esse filme desencadeou um violento protesto na terça-feira diante do
Consulado dos Estados Unidos na cidade líbia de Benghazi, durante o qual o
embaixador e outros três norte-americanos foram mortos. As manifestações se
espalharam por todo o mundo muçulmano.
Para a maioria dos muçulmanos, qualquer representação do profeta Maomé é uma blasfêmia. Em outras ocasiões caricaturas de Maomé já haviam provocado protestos e condenações de autoridades, líderes religiosos, muçulmanos e muitos cristãos em todo o mundo.
Autoridades dos Estados Unidos disseram que não estão investigando
o projeto do filme, e mesmo que seja uma obra inflamada, que provocou
violência, a simples produção não pode ser considerada um crime no país, cujas
leis garantem plena liberdade de expressão.
Dois advogados estiveram na casa de Nakoula horas antes de ele ser
levado para interrogatório e disseram estar lá para consultas.
A onda de revolta iniciada com a
divulgação do vídeo que ridiculariza o profeta Maomé continuou a se alastrar
nesta sexta-feira, 14, pelo mundo islâmico, enquanto se diversificavam os alvos
dos manifestantes em fúria.
Além de missões diplomáticas dos EUA - a quarta foi
parcialmente invadida e incendiada, na Tunísia, embaixadas europeias,
redes de fast-food, instalações da ONU e uma escola ocidental entraram na mira
dos protestos em pelo menos 15 países do Norte da África e em várias partes da
Ásia.
Também
ontem, chegaram aos EUA os corpos dos quatro diplomatas americanos mortos na
cidade líbia de Benghazi, entre eles o do embaixador Jay Christopher Stevens.
"O sacrifício deles jamais será esquecido", afirmou o presidente
Barack Obama diante dos caixões.
Em
visita ao Líbano, o papa Bento XVI saudou a luta por liberdade e democracia no
mundo árabe e islâmico, mas fez um apelo por moderação e pediu união dos povos Islâmicos e Cristãos, ressaltando que é possível estabelecer a paz mundial através da união.
O Google rejeitou nesta sexta-feira uma solicitação da Casa Branca para reconsiderar sua decisão de manter online um controverso vídeo do YouTube que levou a protestos contra os Estados Unidos no Oriente Médio.
A
companhia disse que censurará o vídeo na Índia e na Indonésia após bloqueá-lo
na quarta-feira no Egito e na Líbia, onde embaixadas norte-americanas foram
invadidas por manifestantes indignado com o retrato do profeta Maomé como uma
fraude e um mulherengo.
Na terça-feira, o embaixador dos EUA para a Líbia e três outros
norte-americanos foram mortos num ataque à embaixada em Benghazi.
O Google disse que restringirá ainda mais o acesso ao clipe para
respeitar a lei local, e não como uma reação a pressão política.
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