Começa nesta terça-feira o mal
denominado horário eleitoral gratuito. Serão 45 dias nos quais os candidatos a
prefeito e vereador poderão usar as emissoras de rádio e televisão para atrair
o voto do maior número de eleitores.
Ao final do período, as TVs terão
cedido aos partidos políticos pouco mais de 60 horas de sua programação. Pelo
serviço, terão direito a uma compensação tributária que, estima-se, custará
cerca de R$ 600 milhões aos cofres públicos.
Ou seja, o horário eleitoral é
gratuito só para os partidos. Para os demais cidadãos, ele é dispendioso. Por
essa razão e por seu caráter impositivo, sofre críticas ponderáveis de vários
quadrantes.
Entre políticos, profissionais de
marketing e estudiosos, contudo, há razoável consenso quanto a sua utilidade.
Na maior parte das democracias, meios de comunicação de massa são a principal
ferramenta para divulgar candidatos.
A gratuidade do horário eleitoral,
que não é invenção brasileira, materializa o princípio de que candidatos,
independentemente de poder econômico, devem ter meios de levar suas propostas
ao eleitor.
A garantia desse desiderato
democrático justifica alguma despesa do Estado. Isso não significa, porém, que
o atual padrão de gastos seja adequado. E, exatamente por haver verbas públicas
envolvidas, deve-se exigir aproveitamento mais criterioso dos recursos.
Passo importante nessa direção é o
combate às legendas de aluguel, que transformam o tempo de TV em capital
político e o utilizam apenas como moeda de troca.
Essa distorção seria evitada com uma cláusula de desempenho. Embora derrubada pelo Supremo Tribunal Federal em 2006, a regra poderia ser retomada por emenda constitucional. Não se trata de limitar a liberdade de organização política, mas de fixar o requisito de representatividade da legenda --medida por um percentual mínimo de votos-- para dar acesso a fundos públicos e ao tempo de TV.
Outro mecanismo a implementar é um
teto para o total de minutos de cada partido e coligação na propaganda
política. Atingido um limite, o ingresso de novas siglas não agregaria tempo de
exposição à aliança. Com isso, seriam desestimuladas transações oportunistas.
Além de medidas voltadas aos
partidos, convém adotar providências que incrementem o horário eleitoral do
ponto de vista do cidadão e espectador. Os grandes blocos de propaganda
deveriam ser abreviados. A produção de longos programas encarece as campanhas,
e eles são menos eficientes do que inserções curtas.
Ao lado disso, uma parte da propaganda gratuita deveria ser reservada
para debates temáticos entre os postulantes, a fim de aumentar ocasiões de
confronto de ideias.
Finalmente, a exigência de que o horário eleitoral seja concomitante em todas
as emissoras é abusiva, pois priva o cidadão de seu direito de escolha. A
reforma dos programas deveria começar por aí.
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