Na Rio+20, em meio a tanta movimentação, com as lentes sempre a
procura dos líderes das maiores potências mundiais, um presidente de um pequeno
país sul-americano fez um discurso que está dando o que falar.
José “Pepe” Mujica, presidente do Uruguai, também conhecido como o
presidente mais pobre do mundo, falou de maneira simples e não se limitou a
atacar a economia de mercado ou o consumismo, Mujica foi além, falou sobre a felicidade.
Mujica fala do esforço dos
trabalhadores, que por muito tempo lutaram por uma carga de 8 horas diárias de
trabalho e que hoje, já estão conseguindo 6 horas diárias. Porém, agora, os que
conseguiram 6 horas, estão tendo um segundo emprego e trabalhando mais do
antes. Segundo o presidente, eles agora precisam pagar suas prestações. “Da moto que comprou,
do carro… pagam prestações, pagam mais prestações, e quando acordarem, serão velhos
reumáticos como eu e a vida se foi. Esse é o destino da vida humana?”
O discurso termina com o presidente alertando que quando
lutamos pelo meio ambiente, o primeiro elemento do meio ambiente se chama felicidade humana.
Infelizmente, a felicidade acabou sendo fundamentalmente
associada ao consumo. E ninguém melhor do que Mujica, que doa mensalmente 90%
de seu salário de presidente, pra dizer: "o que temos que rever é a nossa forma
de viver". Assista o vídeo do discurso histórico:
O JEITO “MUJICA” DE SER
Ao ser
eleito, o presidente do Uruguai, José Mujica, disse que não iria se mudar para
o palácio presidencial e cumpriu sua promessa. Agora, ele parece ter encontrado
outra utilidade para a Casa Suárez y Reyes, em Montevidéu. Ele ofereceu o
palacete no bairro do Prado como alternativa para abrigar pessoas que vivem nas
ruas, principalmente durante o inverno.
Do outro lado do Rio da Prata, o
uruguaio José “Pepe” Mujica, o chefe de Estado mais pobre do continente, vive
em condições de austeridade e conserva o mesmo patrimônio que possuía quando
chegou ao poder, em 2010: uma humilde chácara a 20 quilômetros em Montevidéu e
um fusca modelo 1987, avaliado em US$ 1.925. Mujica doa 90% dos US$ 12.500 que
recebe mensalmente a programas sociais.
Quando o Uruguai recuperou sua
democracia, em 1985, Mujica, um ex-guerrilheiro tupamaro, saiu da prisão e
disse que todos em seu país deviam aprender a “viver como pobres”. E foi o que
ele fez. Junto com sua companheira, a senadora e também ex-tupamara LuciaTopolansky
— que, ao contrário do presidente, pertencia a uma família de classe alta —
mudou-se para a chácara e construiu uma vida simples.
Na semana passada, Mujica, de 77
anos, foi notícia no Uruguai por ter saído sozinho para comprar uma tampa de
privada.
Na volta para casa, o presidente foi visto pelos jogadores do Huracán del Paso de la Arena, um time local, que o chamaram para comer um churrasco e conversar. E lá foi Mujica, com a tampa de privada debaixo do braço.
Na volta para casa, o presidente foi visto pelos jogadores do Huracán del Paso de la Arena, um time local, que o chamaram para comer um churrasco e conversar. E lá foi Mujica, com a tampa de privada debaixo do braço.
— A simplicidade do presidente não
é pose — contou o jornalista do “El País” Eduardo Delgado. — Participei de
várias viagens presidenciais, e todos fomos com Mujica em aviões de companhias
comerciais e em classe econômica.
Em entrevista ao semanário
“Búsqueda”, realizada durante a campanha eleitoral de 2009, o presidente
explicou sua teoria. Para ele, viver como pobre é a única maneira de
libertar-se das pressões da sociedade de consumo.
“Temos de escapar da escravidão
que impõe a dependência material, que é uma das coisas que mais roubam tempo na
sociedade contemporânea”, filosofou então Mujica. “Se você se deixa arrastar
pelas pressões da sociedade de consumo, não existe dinheiro que alcance, não
tem fim, é infinito”.
Além de doar seu salário, Mujica
destina parte do dinheiro restante a pagar tratamentos de saúde para uma de
suas irmãs, que sofre de esquizofrenia, segundo confirmaram pessoas que há
muitos anos convivem com o presidente. Em sua chácara, a única mudança desde
que se tornou presidente foi a construção de uma casinha para os seguranças.
Com certa aversão ao protocolo, Mujica teve de aceitar, também, roupas novas.
Mas sempre preservando seu estilo informal, que não inclui, até hoje, o uso de
gravata.
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